Nada mais apropriado do que escolher o mês do cachorro-louco para expor esse carro, já que off-road é a loucura mais saudável de todas.
O objetivo do projeto é ter um carro versátil, com razoável capacidade de vencer os obstáculos na trilha, mantendo algum conforto e a segurança na estrada.
A Camper foi o carro que mais se adaptou a esses objetivos, uma vez que seu projeto original parece ter sido concebido com essa filosofia, pois partiu de uma mecânica 100% off-road (Engesa) vestida com uma carroceria inspirada nos SUV’s americanos dos anos 90, (Cherokee, Explorer... etc.) cujo apelo era de conforto e sofisticação.
No caso dessa Camper, o conceito de conforto inclui apenas os quesitos indispensáveis para rodar algumas horas na estrada, como bancos confortáveis, bom espaço interno, boa suspensão e baixo nível de ruído, priorizando a funcionalidade e durabilidade. Por isso os vidros e retrovisores elétricos foram trocados por manuais (de fácil manutenção/substituição) e o carpete foi retirado dando lugar a uma camada de manta isolante revestida de borracha. O banco traseiro e as laterais tiveram o tecido substituído por vinil, pela maior resistência e facilidade de limpeza.
Falta ainda, a adaptação de um sistema eficiente de ar-condicionado. Quem já andou em um comboio de jipes por estradas empoeiradas sabe da importância deste item.
Na mecânica a primeira adaptação foi o sistema de freios, usando o hidrovácuo, cilindro-mestre, discos e pinças dianteiras da Toyota Bandeirante.
Na traseira foi instalado eixo-flutuante (Enfer) e substituído o freio a tambor por disco. Embora o tambor tenha maior poder de frenagem, o disco facilita a manutenção pós-trilha, pois não acumula lama e sujeira. A desvantagem é que as pinças utilizadas (Kadett) são de baixa eficiência, principalmente no freio-de-estacionamento.
O eixo dianteiro necessitava manutenção geral com troca de diversos componentes, por isso foi mais viável a substituição, à base de troca, por outro eixo de Engesa adaptado com a bola Dana-44, que permite diversas opções de relação e bloqueios.
A caixa de transferência original da Camper atende bem às necessidades do off-road leve, mas para trilhas pesadas a reduzida faz falta, por isso foi adaptada uma caixa de transferência de Bandeirante, mantendo-se o câmbio original 240V, o que permite o uso de dupla-reduzida.
A dupla-reduzida associada ao bloqueio 100% nos dois eixos (Macrotorque na traseira e E-Locker na dianteira) permite superar obstáculos lentamente, sem a necessidade de “pegar embalo”, o que poupa todo o conjunto e torna a condução off-road mais técnica e segura.
Outra vantagem do uso de t-case com reduzida é a possibilidade de manter as relações de diferencial relativamente longas (11x45 do Troller), o que permite velocidades de cruzeiro de 120 Km/h com folga de motor. Para caber a transferência de Band foi necessário o levantamento da carroceria em 13 cm.
Originalmente, a t-case ficava numa altura abaixo da linha do chassi, dificultando a transposição de alguns obstáculos e exposta ao risco de bater em pedras. Assim, optou-se pela elevação do trem-de-força em 8 cm, ficando rente ao chassi. Para isso foi necessário o alargamento do túnel central da carroceria.
O motor permanece o 4.1S original, acrescentando-se apenas um filtro de ar para serviços pesados e um ventilador mecânico de Opala, trabalhando em conjunto com uma ventoinha elétrica externa. Futuramente receberá uma ignição à prova d’água.
Objetivando manter um visual estético limpo e despojado, que exceto pela altura, não denuncia as tantas modificações feitas no carro, o guincho 12.000 Lbs foi instalado embaixo do para-choque original, deixando visível apenas o guia do cabo.
Para completar essa fase da transformação, foram instalados amortecedores Rancho e os estribos tubulares desenhados especialmente para o Clube da Camper.
O apelido Frank (de Frankenstein), bem que poderia ser Metamorfose Ambulante.